sábado, 26 de julho de 2014

Comida de pássaro


A expressão "Everything but the kitchen sink" não é um original português, mas acho-lhe muita piada! Refere-se aquele cozinhado em que limpamos o frigorífico e ainda sai algo bom para comer! Como uma tortilha, por exemplo, ou um arroz "à valenciana" com o restinho das salsichas, o restinho do frango, o restinho das lulas ou dos camarões e o bocadinho de ervilhas que estão no fundo do congelador ou apenas uma omolete com aquele bocadinho de fiambre, de queijo, ou chouriço, ou a quiche  ou... Enfim, acho que todos sabemos do que estou a falar!

No entanto, é mais difícil aplicar isto aos doces. Mas não é uma missão impossível!
Admito que nem todos terão restinhos do que esta receita leva, à disposição na despensa, mas se os tiverem que comprar não se irão arrepender.
Além disso, o produto desta receita é (quase) saudável! Os frutos secos fazem muito bem à saúde, pois são ricos em gordura boa, bons para o coração e dão muita energia.  As nozes, as avelãs, as amêndoas, pinhões e amendoins são ricos em gorduras insaturadas que ajudam a reduzir os níveis de mau colesterol no sangue.

A começar do centro, em baixo, no sentido do relógio : flocos de aveia, amendoim sem sal, sementes de abóbora, maçã desidratada, sementes de girassol e arandos. No centro, sementes de sésamo.


São muito ricos em proteína, antioxidantes, vitaminas, minerais, etc. E se os juntarmos a sementes e cereais?  Precisamos de mais razões? Só se lhes juntarmos algo doce...

E aqui começa o problema... 
Sabem aquele nougat de amendoim que se vende em barrinhas e que é muito duro? Gosto TANTO que nem o posso comprar, porque não me consigo controlar ao pé dele. É assim um comportamento obsessivo-compulsivo (isso e as gomas de melancia).

Pareceu-me boa ideia arranjar algo para o substituir, como estas barritas. Mas, embora sejam (quase) saudáveis, não convém abusar: têm açúcar e alguma gordura.
Há muitas receitas disponíveis na net, mas gostamos desta, inspirada numa receita original de Annabel Langbein.

Sinta-se à vontade para misturar outras sementes, como as de linhaça, outros frutos secos  e outros frutos desidratados, como sultanas ou passas, tâmaras ou ameixas. Pense também nos restinhos de cereais dos miúdos (corn flakes, rice crispies, ou os de chocolate).

São boas para levar na mala para quando dá aquela fominha, para levar para o emprego, para a praia, para a escola, em viagem...



Barritas de comida de pássaro

Ingredientes:

(Para medir utilize uma chávena equivalente a 250 ml)


2 chávenas de flocos de aveia ou 200 gr.

1 chávena de sementes de abóbora ou 130 gr.

1 chávena de sementes de sésamo ou 120 gr.

1 chávena de sementes de girassol  ou 140 gr.

1/2 chávena de frutos desidratados (ao seu gosto)

1  chávena de frutos secos (ao seu  gosto)

100 gr. de açúcar amarelo

120 gr. de manteiga ou margarina

120 gr. de mel

100 gr. de leite condensado OU 85 gr. de manteiga de amendoim

1 colher de chá de baunilha líquida (opcional)


Preparação:

Pré-aquecer o forno nos 175 graus. Forrar um tabuleiro com uma folha de papel vegetal. Não é preciso untar ( o meu tabuleiro tem 30 x 28, pode ser mais pequeno, não convém maior).
Misturar a aveia, os frutos secos e as sementes num tabuleiro largo e levar ao forno já quente por 5 mn. A meio do tempo, mexer com uma colher.
Entretanto, colocar o açúcar, a manteiga, o mel e o leite condensado numa panela e levar ao lume. Depois de derreter e começar a ferver, deixar ferver, em lume baixo, por mais 5 mn.
Retirar do lume e, se usar, juntar a baunilha.





Retirar o tabuleiro do forno e deitar o conteúdo numa bacia, juntar os frutos desidratados. Se forem grandes, como ameixas ou tâmaras, parta aos pedacinhos. Adicionar o caramelo ainda quente e misturar bem.

Deite no tabuleiro que preparou anteriormente e alise com uma colher, enquanto estiver muito quente. Quando arrefecer o suficiente, com a mão aberta, calque com a palma da mão, de forma a ficar liso e bem comprimido. É importante  que comprima bem.



Leve de novo ao forno a 150 graus,  por mais 10 minutos.

Deixe arrefecer bem antes de partir  em quadrados  e degustar.



segunda-feira, 21 de julho de 2014

As 2as Sem Carne ou Meatless Mondays e as saladas

2as Sem Carne ou Meatless Mondays é um movimento que se iniciou em 2003, nos EUA, e que agora está presente em 34 países, incluindo Portugal.
 A ideia é que num dia por semana, a segunda-feira (mas claro que pode ser outro que dê mais jeito!), não se consuma nenhum tipo de carne ou derivados. Segundo este movimento, além de ser bom para a nossa saúde, bom para a saúde do país e fantástico para o planeta.


Creio que esta informação do site português está já desatualizada

O movimento é apoiado por muitas personalidades, o que o ajudou a ser conhecido. Mas não é por isso que devemos aderir.
Segundo o site português do movimento, ao objetivo é reduzir o consumo de carne em 15%, o equivalente a um dia por semana, o que ajuda a minimizar o risco de desenvolver doenças crónicas relacionadas com o consumo excessivo de carne, travar as alterações climáticas e minimizar o sofrimento animal. 
Para mim, são razões mais do que suficientes.










Declarado o meu apreço e consequente adesão a este movimento, tenho também que dizer que não vou vegetariana. Mas também já apreciei mais carne, principalmente vermelha, e sem problema reduzi bastante o seu consumo.

Não faço sempre a 2a Sem Carne, mas todas as semanas há um dia em que não se consome carne e faço-o propositadamente.
O desafio culinário foi encontrar alternativas apetitosas que os filhos comessem e que nos alimentasse, portanto com elevado teor de proteína.
E é até bastante fácil desde o caril vegetariano com batata-doce e grão, hamburgueres ou saladas com quinoa ,  massa com molho de tomate, beringela e muito mangericão  ou uma super sopa, à moda antiga.


                         



E os slogans são o máximo!


Qualquer altura do ano é boa para aderir a este movimento, mas o calor do verão pede saladinhas e refeições leves. Vamos aproveitar?

Hoje Ontem,  por exemplo, depois de um dia de trabalho literalmente suado, até a mim, que vivo na cozinha, a ideia de estar ao fogão não me estava a agradar. A caixinha da sopa no frigorífico e a pizza (as vegetarianas são deliciosas) para  os mais novos era opção fácil e lógica. Mas a mim, apetecia-me um miminho.  

Despensa. Lata de grão de bico...Bingo! Uma salada de dois dos meus cozinheiros preferidos, Yottam Ottolenghi e Sami Tamimi, de um livro que se chama "Jerusalem". 
Eles e os seus livros são tão fabulosos que ficarão para outro post, muito em breve.
Aconselho a quem leia inglês que coscuvilhe as receitas de Ottolenghi, publicadas online no jornal The Guardian. Se não souberem, não se preocupem, eu irei trazer várias de certeza!

Esta salada é MESMO muito simples, mas TÂO BOA

Compre um pão rústico e estaladiço para acompanhar e tem uma refeição sem carne que o vai satisfazer. Boa refeição sem carne, seja qual for o dia!


Salada de vegetais frescos e grão de bico frito

Ingredientes ( para 2 pessoas como refeição)

1 lata de grão de bico (400 gramas)
2 pepinos pequenos (escolha-os firmes)
2 tomates grandes, não muito maduros (cerca de 300 gramas)
1 pimento vermelho cru ou assado (de frasco ou asse mesmo na boca do fogão)
1 cebola vermelha pequena
4 rabanetes (opcional)
1 raminho de coentros picados grosseiramente (cerca de 20 gramas, se quiser precisão)
1 raminho de salsa picada grosseiramente (cerca de 15 gramas)
 cominhos e açafrão da índia q.b.

Molho

90 ml de azeite
2 colheres sopa de sumo de limão
1 e 1/2 colher de sopa de vinagre de sidra
1 dente de alho pequeno esmagado e picadinho
1 colher de chá de açúcar
Sal/pimenta

Preparação


Coe a água do grão e seque-o com papel de cozinha. Reserve.
Corte o tomate, o pepino descascado, o pimento e os rabanete em pedacinhos de cerca de 1,5 cm (ou como quiser) e a cebola em fatias fininhas ou picada.
Junte tudo na taça ou prato de servir e misture também  a salsa e coentros.

Num recipiente ou frasquinho com tampa, coloque 75 ml de azeite e os restantes ingredientes para o molho, tape e agite. Tempere com sal e pimenta (se quiser) e agite de novo.

Verta sobre a salada e misture.

Ponha o grão numa taça e tempere a gosto com cominhos e açafrão (sugiro meia colher de chá para começar, adapte ao seu gosto). 
Leve o resto do azeite a aquecer numa frigideira e junte o grão. Frite até ficar estaladiço e coradinho. Em alternativa, leve ao forno a 200 graus, 40 minutos. Tanto de uma como de outra maneira, algum do grão começará a querer estoirar como pipocas. Acautele com, por exemplo, uma tampa de rede, muito útil quando fazemos fritos que podem espirrar a gordura.
Quando estiver pronto, tempere com um pouco de sal. Mantenha quente.

Quando for servir, junte o grão num montinho em cima da salada. Não misture! O molho da salada deixará o grão, de novo, mole.

Não se esqueça do pão!


Péssima fotografia. Fica melhor para a próxima.







quinta-feira, 17 de julho de 2014

Muitos pêssegos... - parte 2

Creio que a vossa massa já descansou tempo suficiente para que possamos continuar... ( Julia Child e uma grande quantidade de pâssegos)

As galettes são as tartes de fruta mais fáceis de fazer. Sério. É difícil errar... desde que sigam os meus conselhos!
Podem fazê-las com praticamente qualquer fruta  e até com legumes. Se quiserem fazer com legumes e usarem esta  massa, omitam o açúcar.
Mas hoje é doce!
O problema destas tartes é que as frutas largam muito sumo, umas mais que outras, e precisamos de algo que faça o sumo transformar-se numa calda mais consistente. Aqui entra o amido de milho que, misturado com o sumo da fruta, o fará engrossar. A farinha de trigo, se bem que possa ser usada, não dará um acabamento tão bonito, pois o amido de milho torna-se transparente com a cozedura e a farinha, não.




                                                          Galette de pêssegos
                                                     (serve cerca de 10 pessoas)

Ingredientes:

1 receita de massa
700 gramas de pêssegos maduros descascados e fatiados
açúcar q.b.
amido de milho (Maizena ou outra marca)
canela em pó
baunilha líquida ou em vagem (opcional)
amêndoas laminadas (opcional)

Preparação:

Comece por provar um pouco de pêssego para avaliar a doçura.

Numa tigela, ponha o pêssego e tempere com açúcar a gosto, canela a gosto, cerca de 5 ml de baunilha líquida ou raspe as sementes de 1/2 vagem aberta longitudinalmente . Adicione também cerca de 2 colheres de sopa de amido de milho. Prove e se quiser acrescente mais açúcar, canela ou baunilha até ficar a seu gosto.


Arranje uma folha de papel vegetal (a minha tinha 38x42 cm) e coloque-a em cima da bancada de trabalho. Terá que abrir a massa já em cima do papel, porque depois será difícil movimentá-la.
Polvilhe o papel com farinha (abundantemente, mas sem exagerar), coloque a massa em cima e pise-a com a palma da mão para ela abrir um pouco. Não amasse! Polvilhe com  farinha e estique com o rolo da massa.
A única preocupação será que ela fique com  a mesma grossura, não que fique perfeita nas pontas. A grossura da massa deverá ser, mais ou menos, 0,4 mm.
Corte as pontas da massa para ficar arredondada.



Coloque a folha de papel num tabuleiro e meta-o no frigorífico uns 5 mn.

Verta todo o conteúdo da tigela da fruta no centro da massa e dobre as pontas para dentro . Faça alguma pressão para que a massa fique no lugar.








Pode dobrar as pontas mais para dentro do que se vê na foto, não há problema. Se quiser recorte corações ou outras formas com a massa que sobrou e espalhe em cima da fruta ou na própria massa.
Pincele a massa  com leite e polvilhe com açúcar para dar um crocrante extra.

Pode polvilhar com amêndoas laminadas ou deixar simples. 
É essencial que deixe a tarte descansar no frio enquanto o forno aquece aos 200 graus.
Nunca ponha a tarte a cozer sem refrigerar a massa ou com o forno pouco quente. A manteiga da massa derreterá sem cozer a farinha e a tarte espalhar-se-á pelo tabuleiro, perdendo completamente a forma.



Forno a 200 graus 10 mn e depois baixe para os 180 graus. Tempo? Até estar douradinha e  com a fruta a borbulhar...

Deixe arrefecer antes de servir. É deliciosa morna, sem nada, ou com uma bola de gelado de baunilha.




Julia Child e uma grande quantidade de pêssegos...


Creio que Julia Child não é muito conhecida no nosso país, a não ser talvez do divertido filme "Julie e Julia". Este filme conta a história de uma rapariga norte-americana, Julie, que se dedica à culinária e decide cozinhar, no prazo de um ano, todas as 524 receitas do livro de Julia Child, "Mastering the Art of the French Cooking", escrito para ensinar as nortes-americanas a cozinhar pratos franceses.

A par da história de Julie, contam-se também peripécias da vida de Julia Child de quando ela própria começou a cozinhar (deixo-vos o trailer do filme e uma pequena filmagem de uma aula dada pela verdadeira Julia).
Só tenho um livro dela, que agrupa receitas de um programa de televisão de ela produziu "Baking with Julia".  É um livro excelente no sentido que ensina receitas e técnicas básicas da pastelaria profissional adaptadas ao cozinheiro amador. A receita de croissants, por exemplo, ou do creme de manteiga, são desmistificadas e produzem resultados excelentes. Infelizmente, não há nenhuma edição portuguesa.



Dito isto, este post é a propósito de pêssegos e de ter mais olhos que barriga, o que significa que comprei uma quantidade GRANDE, porque tinham um aspeto e preço muito convidativos, esquecendo-me que dois dias seguidos não ia fazer refeições em casa... 
Ao terceiro dia, continuava com uma grande quantidade de pêssegos que começavam a apresentar sinais de decadência. Havia várias soluções; compota, bolo, tarte, crumble... mas optei por uma "galette", que é uma tarte com uma forma livre. Como estas:


( Feira dos Sabores 2014,  Mercado Tradicional de Ponte de Sor)


A receita da massa é precisamente do livro acima referido.


Massa para tartes/galettes
(receita do livro Baking with Julia)


Ingredientes:

280 gramas de farinha sem fermento
70 gramas de farinha de milho (torna-a mais estaladiça, mas pode ser substituída por mais farinha de trigo)
1/2 colher de chá de sal
2 colheres de chá de açúcar
210 gramas de margarina ou manteiga sem sal, fria, saída do frigorífico
3 colheres de sopa ( 50 gramas) de iogurte natural ou buttermilk
150 ml de água bem fria

Pode usar uma trituradora, a Bimby, ou as mãos para fazer a massa.

Preparação:

Junte as farinhas, sal e açúcar na trituradora ou numa bacia larga e misture-as.




Adicione a manteiga ou margarina partida aos pedacinhos  de 1 a 2  cm.




Ligue a máquina (atenção que a Bimby é poderosa!) e triture até a manteiga se misturar com a farinha e formar pequenos pedacinhos do tamanho, digamos, de ervilhas, Não ficarão todos do mesmo tamanho, mas não é um problema. Se encontrar um bastante maior do que os outros, desfaça-o com os dedos.

Pode fazer apenas com as mãos, mas demorará um pouco mais. Vá esfregando a manteiga na farinha e começarão a formar-se bolinhas mais pequenas.





A parte, misture bem o iogurte e a água. Adicione à farinha e misture, mas NÃO amasse.
A ideia é manter os bocadinhos de manteiga intactos. Junte apenas a massa, de preferência com as mãos leves.




A massa não terá um aspeto homógeneo e pode até parecer demasiado mole. Envolva-a em película aderente e leve-a ao frigorífico para descansar , pelo menos 1 hora. 

O tempo de descanso fará com que a farinha absorva a água e a massa ficará mais consistente.





terça-feira, 15 de julho de 2014

O bolo mármore da avó

Quando penso nisso, há tantas histórias da minha vida que estão relacionadas com comida… Pessoas que me influenciaram e marcaram, refeições partilhadas que até hoje não esqueço, viagens e locais especiais… Espero recordar-me de tudo, à medida que formos conversando,
Uma das pessoas que mais me marcou foi a minha avó materna. Uma avó à moda antiga, mulher forte, mas simples, de óculos, cabelo cinzento, mais tarde branquinho, daqueles que nunca viram tinta. Uma verdadeira matriarca, mãe de oito filhos, seis raparigas e dois rapazes e avó extremosa. Lembro-me de tantas coisas boas, maravilhosas, que ela fez por mim, pelas minhas irmãs e pelos meus primos.
Infelizmente, a vida foi dura para ela. No 11 de setembro, no ataque às torres em Nova Iorque, perdeu o filho mais novo. Foi um golpe duro para toda a família, mas para ela… perder um filho e nestas circunstâncias… Lembro-me de, nos anos seguintes, vermos na televisão, repetindo-se infinitas vezes, as reportagens que mostravam o momento do embate, o desmoronar das torres. E a minha avó, sentada no seu sofá, pousava a renda em cima nos joelhos e olhava para o ecrã. O nosso coração apertava-se porque podíamos apenas imaginar o que ela estava a sentir. Não vamos mais falar sobre isto. Talvez noutra altura.
Sempre que faço um bolo mármore, lembro-me da minha avó e deste episódio da minha adolescência que vou contar, que se repetiu muitas vezes ao longo de anos.
A missa do meio-dia de domingo era obrigatória. Ia porque andava na catequese e porque gostava de cantar e do convívio. Ia também mais contente porque, quando terminava a missa, eu e a minha irmã, a do meio :),  esfomeadas, corríamos rua abaixo até à casa da avó onde sabíamos que nos esperava uma enorme fatia de um bolo marmoreado que se chamava Bolo Holandês. Tantas coisas que esqueci daqueles anos, mas não esqueci o nome do bolo. Às vezes, tínhamos ainda que esperar que  saísse do forno e era comido a escaldar porque a nossa mãe esperava-nos para o almoço!
Como é fácil fazer uma criança feliz com uma fatia de bolo!
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Acho que há qualquer coisa num bolo mármore que faz recordar, mais do que outros, a infância. Pelo menos a mim.
O meu bolo mármore preferido, atualmente, é de uma receita que adaptei da chefe Sarabeth Levine.
A massa clara é perfumada com um pouco de baunilha e a escura tem misturada um pouco de café que acentua o sabor do chocolate. Também gosto desta receita porque não é preciso derreter chocolate em barra e porque me ensinou a técnica para conseguir alternar perfeitamente as camadas claras e escura.
Aqui vai:
Bolo mármore
( adaptado de From my hand to yours, Sarabeth Levine)
280 gr. de farinha sem fermento
2 colheres de chá  de fermento em pó (10 ml)
1/2 colher de chá fino se usar manteiga sem sal (2,5 ml)
280 gr. de açúcar mais 50 gramas à parte
180 gr. de margarina ou manteiga sem sal
1 colher de chá de baunilha líquida (5 ml)
4 ovos inteiros
80 ml de café frio (pode ser qualquer tipo de café, inclusivé feito com café solúvel)
35  gr. de cacau em pó (não chocolate)
Aqueça o forno nos 160 graus e prepare a forma que vai utilizar. Gosto de usar uma de bolo inglês e apenas  forrar com papel vegetal. Mas fica ao seu gosto. Se não a puder forrar, unte com margarina e polvilhe com farinha, da maneira tradicional.
Se a manteiga estiver fria, coloque-a cerca de 25 segundos no micro-ondas para ficar com a consistência certa. Bata-a com o açúcar até obter uma pasta esbranquiçada e com algum volume, cerca de 3 minutos. Se a manteiga estiver ainda muito fria, leve-a de novo uns segundos ao micro-ondas. No entanto, não a deixe derreter! Se isso acontecer, faça o contrário e leve-a uns minutos ao frigorífico.
Junte os ovos um a um, misturando bem antes de adicionar o seguinte.
De seguida, adicione a farinha que, entretanto, já misturara com o fermento. Bata apenas o suficiente para que tudo fique bem ligado.
Retire um pouco menos de metade da massa para outra tigela. À parte, misture o café com o cacau e os 50 gramas de açúcar restante, para que este dissolva. Junte à massa e misture bem, mas não bata muito!
Se tiver, utilize uma colher de fazer bolas de gelado para colocar a massa dentro da forma, alternadamente escura e clara… ou clara e escura . Em alternativa, deite colheradas para fazer o mesmo efeito. Depois, com uma faca, misture os dois.
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Conseguem ver o pequeno coração que se formou na massa?
Leve ao forno quente cerca de 40 minutos, mas este tempo varia consoante a forma que usar. Utilize o velho truque do palito ou apenas encoste o dedo ao bolo e pressione levemente, para sentir se o bolo está cozido.
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Aconselho vivamente este bolo às avós (ou avôs!) para deliciarem os netos e vice-versa, mimemos os avós!


segunda-feira, 14 de julho de 2014

As maçãs da minha vida

Gosto de bolos com fruta. Não fruta fresca a decorar (quer dizer, também gosto desses), mas fruta cozinhada junto com a massa do bolo. Com apenas um tipo de massa simples, juntando diferentes frutas ou até uma mistura, temperando com especiarias como a canela, o cardamomo, a noz moscada ou o açafrão, e salpicando com nozes, amêndoas ou o fruto seco de que mais gostamos, consegue-se sempre um bolo diferente.
E de todos os bolos com fruta, prefiro os que têm maçã: crumbles, tartes, boleimas, bolos de fatia mais secos ou com recheios, gosto de todos.
Este gosto veio, sem dúvida, do lado paterno. Lembro-me que, em miúda, sempre que íamos ao restaurante, desde que houvesse tarte de maçã, o meu pai não pedia outra coisa. Comecei por provar a fatia dele, e, por fim, ele teve que começar a pedir duas...
A minha mãe não apreciava, portanto em casa não se fazia. Até eu começar a fazer bolos, claro!
Ainda hoje, sempre que tenho ocasião, é um bolo de maçã que faço para agradar ao meu pai.


Temos uma macieira em casa. Daquela que dá maçãs com muito mau aspeto, mas deliciosas. São absolutamente biológicas, não levam nada... às vezes nem água... :)

Quando chega a altura, num repente, ficam todas maduras e têm que se comer rapidamente. É uma pena, porque no resto do ano tenho que as comprar no supermercado. Não quero queixar-me, mas era bom que a Mãe Natureza ponderasse isto...
ÓBVIO, que grande parte delas acabam aos pedacinhos em bolos e tartes. 

Não são bonitas, mas têm um aroma e um sabor extraordinários!

No verão, quero bolos muito rápidos de fazer e que cozam também rapidamente. É o caso desta proposta: é rápido, delicioso e adequado tanto para levar para o piquenique, como para servir à sobremesa, num jantar de amigos ou formal.
O resultado vai variar de acordo com a maçã que utilizarem, tanto em textura como em sabor, mas aposto que ficará sempre delicioso. Neste caso, as maçãs não se desfizeram durante a cozedura e sentiam-se quando se trincava. O resultado com umas Golden Delicious, por exemplo, será diferente, pois ficam mais tenras, desfazem-se e dão mais humidade ao bolo.

Sol da tarde, na janela da cozinha.

O que dá mais trabalho neste bolo, na verdade, é descascar e fatiar as maçãs.
Vamos a isto?


Bolo de maçã

Ingredientes:

200 gr. de açúcar
3 ovos M ou L
380 gr. de iogurte natural  (de preferência grego, mas pode ser natural, não magro), o equivalente a 3 iogurtes e um pouco de leite
150 gr. de azeite (ou óleo)
raspa de um limão e sumo de meio limão
2 colheres de chá ou 10 ml. de baunilha líquida (pode usar a colher do xarope para medir!)
210 gr. de farinha Sem fermento
130 gr. de farinha integral (pode usar apenas farinha normal)
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 1/2 colher de chá de fermento em pó
pitada de sal

400 gr de maçãs descascadas e fatiadas
100 gr. de açúcar amarelo
1 colher de chá bem cheia de canela

Não vai precisar de batedeira elétrica! 
Pôr o forno a aquecer nos 150 graus, de preferência com ventilação. 
Utilizei uma forma retangular de 30 cm por 20 cm que forrei com papel vegetal para pastelaria, mas esteja à vontade para usar a sua forma preferida, de tamanho médio.
Num recipiente grande, misturar bem, até ficar homogéneo, o açúcar, ovos, iogurte, azeite, raspa e sumo de limão e baunilha. 
Num recipiente mais pequeno, misturar as farinhas, fermentos e sal. Juntar a farinha ao preparado líquido e envolver até estar bem misturado (disse misturar muitas vezes?).
Não bata muito, depois de adicionar a farinha os bolos não se devem bater.

Deite na forma forrada e espalhe a maçã, as fatias direitinhas enterradas na massa, ou então, como quiser!



Misture a canela com o açúcar amarelo e espalhe pelo bolo.


Na forma e temperatura referidas, o bolo demorou cerca de 35 mn a cozer. Ajuste o tempo à sua forma e forno. Use o truque do palito para ver se está cozido!

Tal como disse no início, faça as suas próprias variações: adicione canela à massa, ou passas de uva, nozes, etc.











Sirva morno, frio, sozinho ou com um molho de caramelo e/ou uma bola de gelado de baunilha para uma sobremesa gulosa e decadente.

Mas não deixe de experimentar.