segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Estou de férias, não tenho tempo para cozinhar!

Aposto que pensavam que era ao contrário, certo?
Estou de férias, quero ir à praia, à esplanada, ler um livro, ver um filme... não tenho tempo para cozinhar!
Isso não quer dizer que durante um mês queira viver só de sandes, frango assado do supermercado ou cereais de chocolate!
Continuo a ter fome de coisas boas e quero compatibilizar tempo livre com almoços/jantares apetitosos.
Este prato é ideal para os dias em que chegamos a casa mesmo em cima da hora do jantar. Podem ter tudo pronto antes de sair e quando chegarem é só pôr o forno a bombar e ir tomar a banhoca! 
Aliás, o prato sai a ganhar se o frango passar algum tempo a sós com as especiarias e sal. :)
Se não saíram de casa, mas, por exemplo, vão receber uns amigos e ver o pôr do sol enquanto bebem umas fresquinhas e comem tremoços e amendoins, este também é o prato ideal: fácil, leve para o jantar, fresco e muito guloso... 
Tenham cuidado, se utilizarem, com a malagueta. Se não gostarem ou houver crianças, reduzam ou omitam mesmo.
Como se não bastasse, é ainda um prato equilibrado, diria mesmo saudável, e as sobras (se sobrar) são também muito boas, ou seja, pode ser o almoço do dia seguinte!
Ponham o vinho branco a refrescar!




                          Peito de frango no forno com grão de bico e tomate cherry


Ingredientes para 4 peitos de frango:
 (serve de 4 a 8 pessoas dependendo do tamanho dos peitos)

1 colher de chá de coentros moídos
1 colher de chá de paprika ou colorau
1 colher de chá de oregãos
1 colher de chá de cominhos
1 colher de chá de caril em pó
sal e pimenta q.b.
1 limão médio cortado em fatias finas
4 dentes de alho
1 malagueta vermelha ou piri-piri a gosto
1 lata grande de grão de bico cozido  ou feijão branco (ou cozido por si!)
500 gramas de tomates cherry vermelhos e/ou amarelos
1/2 molho de coentros
cerca de 1 dl de azeite


Acompanhamento 

250 gramas de couscous
450 ml de caldo de galinha bem quente (feito com um caldo de pacotinho)
1/2 cebola vermelha picada finamente
50 ml de azeite 
50 ml de sumo de limão
1/2 molho de coentros
sal

Molho de iogurte Tzatziki

2 iogurtes gregos naturais (podem ser magros)
1/2 pepino 
1 dente de alho
2 colheres de sopa de hortelã ou endro picados
2 colheres sopa de azeite
sumo de limão
sal

Preparação:

Se puderem, temperem o frango com algumas horas de antecedência ou mesmo na noite anterior. Mantê-lo no frigorífico, mas tirá-lo assim que começar a preparar a refeição.
Para isso, basta misturar todas as especiarias, alho, sal, pimenta e metade do azeite num recipiente, juntar o frango e esfregá-lo bem com a mistura.

Aquecer o forno aos 200 graus.
Numa assadeira grande, colocar o grão escorrido, os tomates lavados, as fatias de limão, a malagueta cortada em pedaços grandes e metade dos coentros picados. Juntar o azeite e misturar tudo ligeiramente. Aconchegue os peitos de frango no meio do grão e tomates.
Espalhe um pouco de sal e pimenta e. se achar necessário, um pouco mais de azeite.
Tenha o cuidado de colocar uma rodela de limão em cima de cada peito, o que ajudará a que o peito não seque.







Leve ao forno, já quente nos 200 graus, cerca de 25 minutos ou até o peito estar cozido.
Nos últimos 10 mn, liguei o grill para tostar um pouco o tomate porque gosto dele assim. Mas vigie atentamente!
Não deixe o peito cozer demasiado para não secar.



Para fazer o couscous, basta ferver o caldo e deitá-lo sobre o couscous, num recipiente que possa tapar. Deixe repousar cerca de 10 mn enquanto prepara o molho.
Misture a cebola picada com o azeite e o limão numa tacinha. Tempere com sal e reserve por alguns minutos.

Com o garfo, separe o couscous e coloque-o numa travessa ou prato de ir à mesa. Tempere com sal e, se gostar, um pouco de canela. Misture com o garfo e faça um monte. Deite colheradas de molho de cebola por todo o couscous e salpique abundantemente com  os coentros picados.


E o meu prato siciliano? Lindo!


E só nos falta o Tzatziki, que é opcional, mas uma boa adição. Pode comprá-lo já feito, ou fazê-lo em cinco minutos!

Pode usar o pepino com ou sem casca, mas retire-lhe as sementes. Pique-o finamente  ou passe-o num ralador, salpique um pouco de sal e deixe-o ficar  a escorrer algum tempo num passador ou esprema-o com as mãos.
Junte na taça o iogurte, o pepino, o azeite, um pouco de sumo de limão, o alho muito picadinho e o endro (mais típico) OU a hortelã, também finamente picados. Prove para ver se necessita de mais sal ou limão. Pode fazer isto com algumas horas de antecedência.




Junte tudo num prato e abra a garrafa de vinho branco.



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O que é doce nunca amargou!

Costumam fazer compotas em casa? Ou têm alguém na família que gosta de fazer e oferecer? E ainda uma amiga? Às vezes também compram no supermercado?
Para mim, é sim a todas. E, claro, por vezes não conseguimos dar vazão a tantas compotas e acumulam-se frascos no frigorífico.
Já experimentei fazer bolo com a compota em vez do açúcar. Não é mau, mas também não é muito bom.
Uma fatia de pão com um pouco de requeijão ou queijo-creme e uma colherada de doce é do melhor, mas não pode ser todos os dias...ou pode? :)




Uma ótima opção para gastar doces são estas barras que vos apresento hoje. Mais uma vez, têm uma qualidade que eu valorizo bastante: a versatilidade. A partir de uma receita base, podem adaptá-la ao que têm em casa ou ao vosso gosto. Dou também duas opções de recheio: um frasco do vosso doce preferido (ou o que houver em casa) ou uma "compota" rápida feita com tâmara secas.
Se não é costume terem doces ou compotas em casa, vale também a pena comprar um frasco do vosso sabor preferido. Deixem uma colherada para um pequeno-almoço de verão!
Não posso deixar de aconselhar os deliciosos doces produzidos pelo Frasco de Memórias, se conseguirem apanhá-los!



Barras de compota

Recheio:

1 frasco (normal) de compota a gosto  ou 2 meios frascos...

ou

250 gramas de tâmaras secas sem caroço (ou ameixas)
raspa de uma laranja
pitada de sal
25 gramas de manteiga sem sal ou margarina
canela a gosto (1/2 colher de chá ou 1 de café)
200 ml de água mineral
1 colher de chá (5 ml) de baunilha líquida (opcional)

Junte tudo numa pequena panela, leve a lume brando e deixe fervilhar por cerca de 30 segundos. 
Deixe arrefecer e triture.
Feche os olhos e sinta o aroma.



Massa:

150 gramas de manteiga sem sal ou margarina

225 gramas de  farinha sem fermento

4 colheres de sopa de amido de milho (Maizena ou outra marca)

150 gramas de açúcar

1/2 colher de chá de fermento

1/2 colher de chá de sal

Opcional - amêndoas ou nozes.

Deixe a margarina à temperatura ambiente cerca de 20 minutos. Não a derreta!
Misture todos os secos, deite a margarina aos pedaços por cima e com os dedos vá esfarelando até estar tudo misturado e se conseguir fazer uma bola. Não deve amassar!
Deixe a descansar no frigorífico, pelo menos 30 minutos.

Pré-aquecer o forno a 180 graus e forrar uma forma quadrada ou rectangular ( a minha tinha 28 x 18 cm) com papel vegetal anti-aderente.
Espalhar metade da massa no fundo da forma (pode usar um rolo da massa ou apenas calcar com a mão). Espalhar o doce escolhido ( o de tâmaras ou o frasco).




Se tiver dois frascos meio cheios, coloque uma parte em metade da massa e a outra parte na restante massa. Ficará com dois sabores diferentes!

Esfarele a restante massa por cima do doce. Espalhe também amêndoas ou nozes partidas aos bocadinhos.



Leve ao forno cerca de 25 minutos, até ficar dourado.

Faça o acabamento com açúcar em pó e deixe arrefecer completamente antes de partir.





sábado, 26 de julho de 2014

Comida de pássaro


A expressão "Everything but the kitchen sink" não é um original português, mas acho-lhe muita piada! Refere-se aquele cozinhado em que limpamos o frigorífico e ainda sai algo bom para comer! Como uma tortilha, por exemplo, ou um arroz "à valenciana" com o restinho das salsichas, o restinho do frango, o restinho das lulas ou dos camarões e o bocadinho de ervilhas que estão no fundo do congelador ou apenas uma omolete com aquele bocadinho de fiambre, de queijo, ou chouriço, ou a quiche  ou... Enfim, acho que todos sabemos do que estou a falar!

No entanto, é mais difícil aplicar isto aos doces. Mas não é uma missão impossível!
Admito que nem todos terão restinhos do que esta receita leva, à disposição na despensa, mas se os tiverem que comprar não se irão arrepender.
Além disso, o produto desta receita é (quase) saudável! Os frutos secos fazem muito bem à saúde, pois são ricos em gordura boa, bons para o coração e dão muita energia.  As nozes, as avelãs, as amêndoas, pinhões e amendoins são ricos em gorduras insaturadas que ajudam a reduzir os níveis de mau colesterol no sangue.

A começar do centro, em baixo, no sentido do relógio : flocos de aveia, amendoim sem sal, sementes de abóbora, maçã desidratada, sementes de girassol e arandos. No centro, sementes de sésamo.


São muito ricos em proteína, antioxidantes, vitaminas, minerais, etc. E se os juntarmos a sementes e cereais?  Precisamos de mais razões? Só se lhes juntarmos algo doce...

E aqui começa o problema... 
Sabem aquele nougat de amendoim que se vende em barrinhas e que é muito duro? Gosto TANTO que nem o posso comprar, porque não me consigo controlar ao pé dele. É assim um comportamento obsessivo-compulsivo (isso e as gomas de melancia).

Pareceu-me boa ideia arranjar algo para o substituir, como estas barritas. Mas, embora sejam (quase) saudáveis, não convém abusar: têm açúcar e alguma gordura.
Há muitas receitas disponíveis na net, mas gostamos desta, inspirada numa receita original de Annabel Langbein.

Sinta-se à vontade para misturar outras sementes, como as de linhaça, outros frutos secos  e outros frutos desidratados, como sultanas ou passas, tâmaras ou ameixas. Pense também nos restinhos de cereais dos miúdos (corn flakes, rice crispies, ou os de chocolate).

São boas para levar na mala para quando dá aquela fominha, para levar para o emprego, para a praia, para a escola, em viagem...



Barritas de comida de pássaro

Ingredientes:

(Para medir utilize uma chávena equivalente a 250 ml)


2 chávenas de flocos de aveia ou 200 gr.

1 chávena de sementes de abóbora ou 130 gr.

1 chávena de sementes de sésamo ou 120 gr.

1 chávena de sementes de girassol  ou 140 gr.

1/2 chávena de frutos desidratados (ao seu gosto)

1  chávena de frutos secos (ao seu  gosto)

100 gr. de açúcar amarelo

120 gr. de manteiga ou margarina

120 gr. de mel

100 gr. de leite condensado OU 85 gr. de manteiga de amendoim

1 colher de chá de baunilha líquida (opcional)


Preparação:

Pré-aquecer o forno nos 175 graus. Forrar um tabuleiro com uma folha de papel vegetal. Não é preciso untar ( o meu tabuleiro tem 30 x 28, pode ser mais pequeno, não convém maior).
Misturar a aveia, os frutos secos e as sementes num tabuleiro largo e levar ao forno já quente por 5 mn. A meio do tempo, mexer com uma colher.
Entretanto, colocar o açúcar, a manteiga, o mel e o leite condensado numa panela e levar ao lume. Depois de derreter e começar a ferver, deixar ferver, em lume baixo, por mais 5 mn.
Retirar do lume e, se usar, juntar a baunilha.





Retirar o tabuleiro do forno e deitar o conteúdo numa bacia, juntar os frutos desidratados. Se forem grandes, como ameixas ou tâmaras, parta aos pedacinhos. Adicionar o caramelo ainda quente e misturar bem.

Deite no tabuleiro que preparou anteriormente e alise com uma colher, enquanto estiver muito quente. Quando arrefecer o suficiente, com a mão aberta, calque com a palma da mão, de forma a ficar liso e bem comprimido. É importante  que comprima bem.



Leve de novo ao forno a 150 graus,  por mais 10 minutos.

Deixe arrefecer bem antes de partir  em quadrados  e degustar.



segunda-feira, 21 de julho de 2014

As 2as Sem Carne ou Meatless Mondays e as saladas

2as Sem Carne ou Meatless Mondays é um movimento que se iniciou em 2003, nos EUA, e que agora está presente em 34 países, incluindo Portugal.
 A ideia é que num dia por semana, a segunda-feira (mas claro que pode ser outro que dê mais jeito!), não se consuma nenhum tipo de carne ou derivados. Segundo este movimento, além de ser bom para a nossa saúde, bom para a saúde do país e fantástico para o planeta.


Creio que esta informação do site português está já desatualizada

O movimento é apoiado por muitas personalidades, o que o ajudou a ser conhecido. Mas não é por isso que devemos aderir.
Segundo o site português do movimento, ao objetivo é reduzir o consumo de carne em 15%, o equivalente a um dia por semana, o que ajuda a minimizar o risco de desenvolver doenças crónicas relacionadas com o consumo excessivo de carne, travar as alterações climáticas e minimizar o sofrimento animal. 
Para mim, são razões mais do que suficientes.










Declarado o meu apreço e consequente adesão a este movimento, tenho também que dizer que não vou vegetariana. Mas também já apreciei mais carne, principalmente vermelha, e sem problema reduzi bastante o seu consumo.

Não faço sempre a 2a Sem Carne, mas todas as semanas há um dia em que não se consome carne e faço-o propositadamente.
O desafio culinário foi encontrar alternativas apetitosas que os filhos comessem e que nos alimentasse, portanto com elevado teor de proteína.
E é até bastante fácil desde o caril vegetariano com batata-doce e grão, hamburgueres ou saladas com quinoa ,  massa com molho de tomate, beringela e muito mangericão  ou uma super sopa, à moda antiga.


                         



E os slogans são o máximo!


Qualquer altura do ano é boa para aderir a este movimento, mas o calor do verão pede saladinhas e refeições leves. Vamos aproveitar?

Hoje Ontem,  por exemplo, depois de um dia de trabalho literalmente suado, até a mim, que vivo na cozinha, a ideia de estar ao fogão não me estava a agradar. A caixinha da sopa no frigorífico e a pizza (as vegetarianas são deliciosas) para  os mais novos era opção fácil e lógica. Mas a mim, apetecia-me um miminho.  

Despensa. Lata de grão de bico...Bingo! Uma salada de dois dos meus cozinheiros preferidos, Yottam Ottolenghi e Sami Tamimi, de um livro que se chama "Jerusalem". 
Eles e os seus livros são tão fabulosos que ficarão para outro post, muito em breve.
Aconselho a quem leia inglês que coscuvilhe as receitas de Ottolenghi, publicadas online no jornal The Guardian. Se não souberem, não se preocupem, eu irei trazer várias de certeza!

Esta salada é MESMO muito simples, mas TÂO BOA

Compre um pão rústico e estaladiço para acompanhar e tem uma refeição sem carne que o vai satisfazer. Boa refeição sem carne, seja qual for o dia!


Salada de vegetais frescos e grão de bico frito

Ingredientes ( para 2 pessoas como refeição)

1 lata de grão de bico (400 gramas)
2 pepinos pequenos (escolha-os firmes)
2 tomates grandes, não muito maduros (cerca de 300 gramas)
1 pimento vermelho cru ou assado (de frasco ou asse mesmo na boca do fogão)
1 cebola vermelha pequena
4 rabanetes (opcional)
1 raminho de coentros picados grosseiramente (cerca de 20 gramas, se quiser precisão)
1 raminho de salsa picada grosseiramente (cerca de 15 gramas)
 cominhos e açafrão da índia q.b.

Molho

90 ml de azeite
2 colheres sopa de sumo de limão
1 e 1/2 colher de sopa de vinagre de sidra
1 dente de alho pequeno esmagado e picadinho
1 colher de chá de açúcar
Sal/pimenta

Preparação


Coe a água do grão e seque-o com papel de cozinha. Reserve.
Corte o tomate, o pepino descascado, o pimento e os rabanete em pedacinhos de cerca de 1,5 cm (ou como quiser) e a cebola em fatias fininhas ou picada.
Junte tudo na taça ou prato de servir e misture também  a salsa e coentros.

Num recipiente ou frasquinho com tampa, coloque 75 ml de azeite e os restantes ingredientes para o molho, tape e agite. Tempere com sal e pimenta (se quiser) e agite de novo.

Verta sobre a salada e misture.

Ponha o grão numa taça e tempere a gosto com cominhos e açafrão (sugiro meia colher de chá para começar, adapte ao seu gosto). 
Leve o resto do azeite a aquecer numa frigideira e junte o grão. Frite até ficar estaladiço e coradinho. Em alternativa, leve ao forno a 200 graus, 40 minutos. Tanto de uma como de outra maneira, algum do grão começará a querer estoirar como pipocas. Acautele com, por exemplo, uma tampa de rede, muito útil quando fazemos fritos que podem espirrar a gordura.
Quando estiver pronto, tempere com um pouco de sal. Mantenha quente.

Quando for servir, junte o grão num montinho em cima da salada. Não misture! O molho da salada deixará o grão, de novo, mole.

Não se esqueça do pão!


Péssima fotografia. Fica melhor para a próxima.







quinta-feira, 17 de julho de 2014

Muitos pêssegos... - parte 2

Creio que a vossa massa já descansou tempo suficiente para que possamos continuar... ( Julia Child e uma grande quantidade de pâssegos)

As galettes são as tartes de fruta mais fáceis de fazer. Sério. É difícil errar... desde que sigam os meus conselhos!
Podem fazê-las com praticamente qualquer fruta  e até com legumes. Se quiserem fazer com legumes e usarem esta  massa, omitam o açúcar.
Mas hoje é doce!
O problema destas tartes é que as frutas largam muito sumo, umas mais que outras, e precisamos de algo que faça o sumo transformar-se numa calda mais consistente. Aqui entra o amido de milho que, misturado com o sumo da fruta, o fará engrossar. A farinha de trigo, se bem que possa ser usada, não dará um acabamento tão bonito, pois o amido de milho torna-se transparente com a cozedura e a farinha, não.




                                                          Galette de pêssegos
                                                     (serve cerca de 10 pessoas)

Ingredientes:

1 receita de massa
700 gramas de pêssegos maduros descascados e fatiados
açúcar q.b.
amido de milho (Maizena ou outra marca)
canela em pó
baunilha líquida ou em vagem (opcional)
amêndoas laminadas (opcional)

Preparação:

Comece por provar um pouco de pêssego para avaliar a doçura.

Numa tigela, ponha o pêssego e tempere com açúcar a gosto, canela a gosto, cerca de 5 ml de baunilha líquida ou raspe as sementes de 1/2 vagem aberta longitudinalmente . Adicione também cerca de 2 colheres de sopa de amido de milho. Prove e se quiser acrescente mais açúcar, canela ou baunilha até ficar a seu gosto.


Arranje uma folha de papel vegetal (a minha tinha 38x42 cm) e coloque-a em cima da bancada de trabalho. Terá que abrir a massa já em cima do papel, porque depois será difícil movimentá-la.
Polvilhe o papel com farinha (abundantemente, mas sem exagerar), coloque a massa em cima e pise-a com a palma da mão para ela abrir um pouco. Não amasse! Polvilhe com  farinha e estique com o rolo da massa.
A única preocupação será que ela fique com  a mesma grossura, não que fique perfeita nas pontas. A grossura da massa deverá ser, mais ou menos, 0,4 mm.
Corte as pontas da massa para ficar arredondada.



Coloque a folha de papel num tabuleiro e meta-o no frigorífico uns 5 mn.

Verta todo o conteúdo da tigela da fruta no centro da massa e dobre as pontas para dentro . Faça alguma pressão para que a massa fique no lugar.








Pode dobrar as pontas mais para dentro do que se vê na foto, não há problema. Se quiser recorte corações ou outras formas com a massa que sobrou e espalhe em cima da fruta ou na própria massa.
Pincele a massa  com leite e polvilhe com açúcar para dar um crocrante extra.

Pode polvilhar com amêndoas laminadas ou deixar simples. 
É essencial que deixe a tarte descansar no frio enquanto o forno aquece aos 200 graus.
Nunca ponha a tarte a cozer sem refrigerar a massa ou com o forno pouco quente. A manteiga da massa derreterá sem cozer a farinha e a tarte espalhar-se-á pelo tabuleiro, perdendo completamente a forma.



Forno a 200 graus 10 mn e depois baixe para os 180 graus. Tempo? Até estar douradinha e  com a fruta a borbulhar...

Deixe arrefecer antes de servir. É deliciosa morna, sem nada, ou com uma bola de gelado de baunilha.




Julia Child e uma grande quantidade de pêssegos...


Creio que Julia Child não é muito conhecida no nosso país, a não ser talvez do divertido filme "Julie e Julia". Este filme conta a história de uma rapariga norte-americana, Julie, que se dedica à culinária e decide cozinhar, no prazo de um ano, todas as 524 receitas do livro de Julia Child, "Mastering the Art of the French Cooking", escrito para ensinar as nortes-americanas a cozinhar pratos franceses.

A par da história de Julie, contam-se também peripécias da vida de Julia Child de quando ela própria começou a cozinhar (deixo-vos o trailer do filme e uma pequena filmagem de uma aula dada pela verdadeira Julia).
Só tenho um livro dela, que agrupa receitas de um programa de televisão de ela produziu "Baking with Julia".  É um livro excelente no sentido que ensina receitas e técnicas básicas da pastelaria profissional adaptadas ao cozinheiro amador. A receita de croissants, por exemplo, ou do creme de manteiga, são desmistificadas e produzem resultados excelentes. Infelizmente, não há nenhuma edição portuguesa.



Dito isto, este post é a propósito de pêssegos e de ter mais olhos que barriga, o que significa que comprei uma quantidade GRANDE, porque tinham um aspeto e preço muito convidativos, esquecendo-me que dois dias seguidos não ia fazer refeições em casa... 
Ao terceiro dia, continuava com uma grande quantidade de pêssegos que começavam a apresentar sinais de decadência. Havia várias soluções; compota, bolo, tarte, crumble... mas optei por uma "galette", que é uma tarte com uma forma livre. Como estas:


( Feira dos Sabores 2014,  Mercado Tradicional de Ponte de Sor)


A receita da massa é precisamente do livro acima referido.


Massa para tartes/galettes
(receita do livro Baking with Julia)


Ingredientes:

280 gramas de farinha sem fermento
70 gramas de farinha de milho (torna-a mais estaladiça, mas pode ser substituída por mais farinha de trigo)
1/2 colher de chá de sal
2 colheres de chá de açúcar
210 gramas de margarina ou manteiga sem sal, fria, saída do frigorífico
3 colheres de sopa ( 50 gramas) de iogurte natural ou buttermilk
150 ml de água bem fria

Pode usar uma trituradora, a Bimby, ou as mãos para fazer a massa.

Preparação:

Junte as farinhas, sal e açúcar na trituradora ou numa bacia larga e misture-as.




Adicione a manteiga ou margarina partida aos pedacinhos  de 1 a 2  cm.




Ligue a máquina (atenção que a Bimby é poderosa!) e triture até a manteiga se misturar com a farinha e formar pequenos pedacinhos do tamanho, digamos, de ervilhas, Não ficarão todos do mesmo tamanho, mas não é um problema. Se encontrar um bastante maior do que os outros, desfaça-o com os dedos.

Pode fazer apenas com as mãos, mas demorará um pouco mais. Vá esfregando a manteiga na farinha e começarão a formar-se bolinhas mais pequenas.





A parte, misture bem o iogurte e a água. Adicione à farinha e misture, mas NÃO amasse.
A ideia é manter os bocadinhos de manteiga intactos. Junte apenas a massa, de preferência com as mãos leves.




A massa não terá um aspeto homógeneo e pode até parecer demasiado mole. Envolva-a em película aderente e leve-a ao frigorífico para descansar , pelo menos 1 hora. 

O tempo de descanso fará com que a farinha absorva a água e a massa ficará mais consistente.





terça-feira, 15 de julho de 2014

O bolo mármore da avó

Quando penso nisso, há tantas histórias da minha vida que estão relacionadas com comida… Pessoas que me influenciaram e marcaram, refeições partilhadas que até hoje não esqueço, viagens e locais especiais… Espero recordar-me de tudo, à medida que formos conversando,
Uma das pessoas que mais me marcou foi a minha avó materna. Uma avó à moda antiga, mulher forte, mas simples, de óculos, cabelo cinzento, mais tarde branquinho, daqueles que nunca viram tinta. Uma verdadeira matriarca, mãe de oito filhos, seis raparigas e dois rapazes e avó extremosa. Lembro-me de tantas coisas boas, maravilhosas, que ela fez por mim, pelas minhas irmãs e pelos meus primos.
Infelizmente, a vida foi dura para ela. No 11 de setembro, no ataque às torres em Nova Iorque, perdeu o filho mais novo. Foi um golpe duro para toda a família, mas para ela… perder um filho e nestas circunstâncias… Lembro-me de, nos anos seguintes, vermos na televisão, repetindo-se infinitas vezes, as reportagens que mostravam o momento do embate, o desmoronar das torres. E a minha avó, sentada no seu sofá, pousava a renda em cima nos joelhos e olhava para o ecrã. O nosso coração apertava-se porque podíamos apenas imaginar o que ela estava a sentir. Não vamos mais falar sobre isto. Talvez noutra altura.
Sempre que faço um bolo mármore, lembro-me da minha avó e deste episódio da minha adolescência que vou contar, que se repetiu muitas vezes ao longo de anos.
A missa do meio-dia de domingo era obrigatória. Ia porque andava na catequese e porque gostava de cantar e do convívio. Ia também mais contente porque, quando terminava a missa, eu e a minha irmã, a do meio :),  esfomeadas, corríamos rua abaixo até à casa da avó onde sabíamos que nos esperava uma enorme fatia de um bolo marmoreado que se chamava Bolo Holandês. Tantas coisas que esqueci daqueles anos, mas não esqueci o nome do bolo. Às vezes, tínhamos ainda que esperar que  saísse do forno e era comido a escaldar porque a nossa mãe esperava-nos para o almoço!
Como é fácil fazer uma criança feliz com uma fatia de bolo!
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Acho que há qualquer coisa num bolo mármore que faz recordar, mais do que outros, a infância. Pelo menos a mim.
O meu bolo mármore preferido, atualmente, é de uma receita que adaptei da chefe Sarabeth Levine.
A massa clara é perfumada com um pouco de baunilha e a escura tem misturada um pouco de café que acentua o sabor do chocolate. Também gosto desta receita porque não é preciso derreter chocolate em barra e porque me ensinou a técnica para conseguir alternar perfeitamente as camadas claras e escura.
Aqui vai:
Bolo mármore
( adaptado de From my hand to yours, Sarabeth Levine)
280 gr. de farinha sem fermento
2 colheres de chá  de fermento em pó (10 ml)
1/2 colher de chá fino se usar manteiga sem sal (2,5 ml)
280 gr. de açúcar mais 50 gramas à parte
180 gr. de margarina ou manteiga sem sal
1 colher de chá de baunilha líquida (5 ml)
4 ovos inteiros
80 ml de café frio (pode ser qualquer tipo de café, inclusivé feito com café solúvel)
35  gr. de cacau em pó (não chocolate)
Aqueça o forno nos 160 graus e prepare a forma que vai utilizar. Gosto de usar uma de bolo inglês e apenas  forrar com papel vegetal. Mas fica ao seu gosto. Se não a puder forrar, unte com margarina e polvilhe com farinha, da maneira tradicional.
Se a manteiga estiver fria, coloque-a cerca de 25 segundos no micro-ondas para ficar com a consistência certa. Bata-a com o açúcar até obter uma pasta esbranquiçada e com algum volume, cerca de 3 minutos. Se a manteiga estiver ainda muito fria, leve-a de novo uns segundos ao micro-ondas. No entanto, não a deixe derreter! Se isso acontecer, faça o contrário e leve-a uns minutos ao frigorífico.
Junte os ovos um a um, misturando bem antes de adicionar o seguinte.
De seguida, adicione a farinha que, entretanto, já misturara com o fermento. Bata apenas o suficiente para que tudo fique bem ligado.
Retire um pouco menos de metade da massa para outra tigela. À parte, misture o café com o cacau e os 50 gramas de açúcar restante, para que este dissolva. Junte à massa e misture bem, mas não bata muito!
Se tiver, utilize uma colher de fazer bolas de gelado para colocar a massa dentro da forma, alternadamente escura e clara… ou clara e escura . Em alternativa, deite colheradas para fazer o mesmo efeito. Depois, com uma faca, misture os dois.
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Conseguem ver o pequeno coração que se formou na massa?
Leve ao forno quente cerca de 40 minutos, mas este tempo varia consoante a forma que usar. Utilize o velho truque do palito ou apenas encoste o dedo ao bolo e pressione levemente, para sentir se o bolo está cozido.
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Aconselho vivamente este bolo às avós (ou avôs!) para deliciarem os netos e vice-versa, mimemos os avós!